Centros de Educação Infantil possibilitam que mães voltem a estudar e criem uma rotina de autocuidado

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Ascom SPS – Texto
Thiago Gaspar – Fotos
Mais que um espaço de lazer e desenvolvimento para as crianças cearenses, o Centro de Educação Infantil Maria do Carmo Oliveira, em Horizonte, é um lugar de possibilidades, não só para os pequenos Rian, 4, e João Arthur, 4, que têm Transtorno do Espectro Autista (TEA), mas também para suas mães. Com o auxílio do equipamento, hoje, elas conseguem estudar e tirar um tempo para criar uma rotina de autocuidado. O CEI Maria do Carmo foi construído e entregue pela Secretaria da Proteção Social (SPS), em outubro de 2021. Ele é um dos 120 Centros de Educação Infantil já entregues pelo Governo do Estado como um dos equipamentos do Mais Infância Ceará.
Karla Suellen, 29, é mãe do Rian Miguel e conta que aprender a lidar com o autismo do filho é um aprendizado constante e que trouxe novos significados para sua existência. “O Miguel me deu ainda mais motivação para querer aprender novas coisas, estudar e ter uma profissão. Não é fácil, eu precisei largar um emprego em que trabalhava há mais de nove anos para me dedicar integralmente aos cuidados de que meu filho precisava”, conta ela. Mas esta realidade só mudou, porque hoje Suellen conta com o suporte do CEI Maria do Carmo.
“Tenho total confiança neste Centro de Educação Infantil porque tem trazido mudanças significativas no comportamento do Rian. E tem me possibilitado estudar, porque agora tenho um tempo só pra mim”, desabafa Suellen, que atualmente faz o curso de Técnica de Enfermagem, e se divide na rotina entre os estudos e os cuidados com o filho. “Ser mãe de uma criança atípica envolve muita renúncia e poder, no meio desse caminho, encontrar espaços que nos possibilitem ter atalhos e trilhar um trajeto que nos contemple enquanto mulheres, profissionais, estudantes, é crucial para que possamos seguir adiante dando o nosso melhor para os nossos filhos, seja qual for o desafio que eles nos tragam”, complementa Suellen.
Assim como Suellen, Ozélia da Silva, 30, também utiliza os serviços do CEI. Seu filho, João Arthur, 4, também é autista e frequenta o espaço há quatro meses. “Tenho transtorno de ansiedade generalizada e faço tratamento para conseguir lidar com a ansiedade, sobretudo, porque além dos cuidados com meu filho, também cuido da minha mãe, que tem início de Alzheimer, e do meu tio, que mora com a gente e tem diversos problemas de saúde. Minha rotina é puxada e sei que, se eu não estiver bem, não vou conseguir cuidar deles como necessitam”, desabafa Ozélia, que hoje, com o auxílio dos profissionais do CEI, conseguiu criar uma rotina de autocuidado pra ela também e já pensa, futuramente, em cursar uma faculdade de Pedagogia ou Psicologia.
“Eu encontrei empatia no CEI, desde quando chegamos à portaria e somos muito bem recebidos, até o momento em que o João Arthur entra em sala de aula e recebe os cuidados tanto da cuidadora, quanto das professoras e da diretora. Aqui, meu filho é visto de verdade. Ele ganhou asas nesse lugar e vem desenvolvendo sua coordenação motora. Hoje, ele consegue segurar direitinho um lápis, sem dificuldade nenhuma, socializa com os coleguinhas sem medo”, explica Ozélia.
Ela reforça o quanto foi importante ter esse tempo para cuidar da sua saúde mental. “Nós, mães, não somos super heroínas, também ficamos exaustas e perdemos a paciência. Está tudo bem, isso faz parte da vida, só que todo esse processo fica mais leve quando podemos contar com uma rede de apoio, e eu encontrei isto no CEI e nas terapias que o João frequenta, que têm me possibilitado não abrir mão do autocuidado”, reflete Ozélia.
A titular da SPS, Onélia Santana, lembra que para cuidar de uma criança é preciso de apoio e, sobretudo, reforça que quem cuida também precisa ser cuidada. “Precisamos olhar para as mães também como mulheres, indivíduos que precisam de autocuidado, de atenção com a saúde mental, e que podem e devem se capacitar, fazer uma faculdade e se desenvolver profissionalmente”, observa.
Com o alto número de mães-solos, a secretária aponta equipamentos, como o CEI Maria do Carmo, fundamentais para a formação de uma rede de apoio. “Os CEIs acolhem de verdade nossas crianças e contam com profissionais capacitados para lidar com todos os desafios que envolvem educar uma criança”, pontua.
Onélia Santana destaca que já foram inaugurados, no estado do Ceará, 120 CEIs, que fazem parte dos 545 equipamentos sociais do Programa Mais Infância Ceará, dentre brinquedopraças, brinquedocreches, Praças Mais Infância, Complexos Mais Infância, Fábricas do Mais Nutrição, dentre outros equipamentos.
A diretora do CEI Maria do Carmo, Rosângela Coelho, ressalta que, dentre as 220 crianças atendidas no espaço, 60% são oriundas de programas sociais, como Bolsa Família e outros. “Nós desenvolvemos um trabalho focado no cuidar, trabalhamos em sala de aula a cognição, a coordenação motora e o desenvolvimento integral das crianças que frequentam o CEI, atuamos com uma rede integrada de profissionais para que eles se desenvolvam plenamente e também para que as mamães tenham um tempo para si”, pontua a diretora.
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