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A primeira obra da exposição Aqui é o fim do mundo, no Museu de Arte do Rio, lembra uma pintura clássica do século XIX sobre a fundação da cidade. Mas os personagens que participavam da cerimônia católica foram deletados da cena original, criada por Antonio Firmino Monteiro. No lugar deles, um adesivo do Canarinho Pistola, símbolos de Exu e a constelação do Cruzeiro do Sul formada por meio de tiros de espingarda. A releitura de Jaime Lauriano está entre as mais de 40 obras da mostra que estreou esta semana e celebra os 15 anos de carreira do artista.
Em comum, elas propõem repensar a história oficial do Brasil e evidenciar os processos de violência. Construir narrativas alternativas do passado é uma das marcas do trabalho de Lauriano.
De acordo com o curador da exposição, Marcelo Campos, o artista subverte as imagens oficiais, mancha pinturas e derruba monumentos. Ganham mais visibilidade os grupos sociais subalternizados, principalmente afrodescendentes e povos originários do Brasil. E, assim, as próprias instituições culturais que recebem as obras elaboram uma autocrítica.
“Os museus e as curadorias estão incluídos nesse processo de culto às imagens coloniais sem o mínimo de reflexão sobre o quê e quem está sendo retratado ali. Nesses 15 anos de trabalho, o Jaime nos ensina a lidar com isso. É muito difícil para uma coleção e para um museu no Brasil trazer na sua sala principal imagens de crueldade. E quando você tem o artista fazendo isso, o museu cumpre a função social de contar histórias e contradições”, explica o curador da exposição.
Além da já citada Invasão da cidade do Rio de Janeiro, outras três obras foram criadas especialmente para a exposição no MAR e dialogam com momentos distintos de opressão social, a colonização, a ditadura militar e ameaças à democracia nos dias atuais.
A primeira é a instalação Afirmação do valor do homem brasileiro, criada a partir de uma frase escrita pelo general Emílio Garrastazu Médici para comemorar o título da seleção brasileira na Copa do Mundo de 1970. Um painel traz recortes de jornais e de propagandas da época da ditadura. Por cima delas, é colocado um símbolo de Exu, orixá da Umbanda e do Candomblé. A marca é usada de forma recorrente pelo artista em outras obras.
“As imagens constroem narrativas e, por isso, são políticas por excelência. Eu sempre tento ressignificar esses símbolos com materiais de fontes primárias, sem usar reproduções. É o caso do tridente de Exu. É uma entidade que cria o vazio. E sem vazio, não tem como ter espaço. Então, quando eu coloco o tridente de Exu sobre as imagens históricas de violência, não é para fazer um apagamento da história, mas esvaziar essa história violenta e colonial, para que a gente consiga construir outras possibilidades de história”, explica o artista Jaime Lauriano.
No vídeo Justiça e barbárie #2, Jaime aborda a invasão de Brasília em 8 de janeiro de 2023 por adeptos da extrema-direita. O artista cria uma composição audiovisual com imagens de matérias de jornal e de grupos bolsonaristas do WhatsApp. Elas são mixadas com legendas, que por sua vez trazem textos e comentários retirados de interações desses grupos nas redes sociais. Com isso, evidencia os discursos de ódio e propõe uma reflexão sobre o futuro da democracia no país.
Já a pintura Na Bahia é São Jorge no Rio, São Sebastião parte de uma obra de Heitor dos Prazeres sobre a região da Pequena África, no Rio de Janeiro, e acrescenta um panteão em homenagem a 14 orixás. São representações de um plano transcendental que ajuda a destruir imagens de poder e de dominação que atuam sobre a vida das populações negra e periférica.
Outros trabalhos inéditos para o público são E se o apedrejado fosse você? #3 (2021), um mapa antigo da América desenhado com pemba branca (giz usado em rituais de umbanda) e lápis dermatográfico sobre algodão; e o conjunto das três obras Bandeirantes #1 (2019), Bandeirantes #2 (2019) e Bandeirantes #3 (2022). São miniaturas de 20 centímetros de monumentos dos bandeirantes, fundidas em latão e cartuchos de munições utilizadas pela Polícia Militar e pelas Forças Armadas, sobre base de taipa de pilão.
O Museu de Arte do Rio e Jaime Lauriano tem uma história antiga de parcerias. Entre 2014 e 2022, o artista participou de oito exposições no museu. Uma das obras, de seis anos atrás, permanece até hoje na entrada do MAR. É a instalação A história do negro é uma felicidade guerreira, um calçamento de pedras portuguesas, gravadas com nomes das doze regiões da África de onde saíram as pessoas escravizadas para o Brasil. Por isso, um evento de celebração da trajetória do artista não faria sentido em outro lugar que não fosse o MAR.
“Uma pessoa preta completar 15 anos de carreira no Brasil é uma vitória não só minha, mas da sociedade. Isso, infelizmente, não é uma regra, ainda é uma exceção. Então, é preciso comemorar. Meu trabalho pensa o Brasil através da minha existência enquanto homem negro e periférico. As reflexões partem desse lugar, de como essa vitória é coletiva, e como para mim é muito necessário pensar o Brasil a partir do meu próprio corpo, subjetividade, identidade e fazer com que isso reverbere em outras identidades, em outras subjetividades, em outras particularidades”, disse o artista.
Serviço:
Exposição: Jaime Lauriano – Aqui é o fim do mundo
Onde: Museu de Arte do Rio, segundo andar
Abertura: 28 de abril de 2023
Encerramento: 1 º de outubro de 2023
Curadoria: Marcelo Campos e Amanda Bonan
Localização: Praça Mauá, Centro, Rio de Janeiro-RJ
Bilheteria: funciona de quinta-feira a domingo das 10h30 às 17h, sendo possível permanecer no Pavilhão de Exposições até às 18h
Ingresso: R$ 20,00 (inteira) e R$ 10,00 (meia)
Edição: Fernando Fraga
Bruno Becker (classe S2), Edênia Garcia e Maiara Barreto (ambas S3) se credenciaram ao Mundial nos 200 metros nado livre, enquanto Daniel Mendes (S6) atingiu a marca nos 100 m livre.
Informação é da ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara. Grupo interministerial vai a Uxiú, na Terra Indígena Yanomami, onde três indígenas foram atingidos por tiros; um deles morreu.
Afirmação é do presidente da ANS, Paulo Rebello, em entrevista à Agência Brasil. Segundo ele, desempenho das empresas do setor indica cautela, mas há sinais de recuperação.
Novidades estabelecidas pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) são o aumento do percentual de proteína e os produtos deverão ter, no máximo, 25% de colágeno.
Cruzeiro faz 3×0 na final contra o Itambé/Minas, em São José dos Campos, e fecha temporada quase perfeita, com cinco títulos. Time celeste é o maior campeã do torneio.
Prazo, que tradicionalmente acabava em 30 de abril, foi estendido para 31 de maio em caráter definitivo a partir deste ano.
Em comum, obras propõem repensar a história oficial do Brasil e evidenciar os processos de violência. Construir narrativas alternativas do passado é uma das marcas do artista.
Além de agressões e estupros contra mulheres, Thiago Brennand é investigado por agredir o filho e possuir coleção de armas ilegais. Ele pretendia fugir para a Rússia.
Em comemoração ao Dia do Trabalhador, a emissora exibe o especial Passado Presente – Resistência Sindical com entrevistas sobre a causa trabalhista e uma sessão de filmes, a partir desta segunda (1º), às 22h.
Episódio do Caminhos da Reportagem deste domingo aborda a saída de pesquisadores do Brasil para se fixarem no exterior, onde encontram mais estrutura para trabalhar.
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